18 de set. de 2010

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA - 18/09








Tudo diferente novamente. Só que desta vez para pior. Embora a cidade de Cachoeira do Piriá ficasse no alto do morro, dando a impressão que iríamos apenas descer, a realidade não foi bem essa. Logo após alguns quilômetros começamos a perceber o que tínhamos pela frente: muitas lombadas, que pareciam sempre subir; vento lateral que não ajudava no desempenho e acostamento quase impraticável.
Não é preciso falar do calor, não é? O sol está sempre presente e desde cedo. O café foi servido às 06h00 e partimos pouco depois das 07h00. Estudando o percurso do dia, percebemos que teríamos uma perna longa a percorrer antes do almoço. A cidade maior do caminho, Santa Luzia do Pará, ficava apenas a 48 km de Cachoeira, e o melhor seria chegar até a beira de um rio, o Caeté, perto de Capanema, nosso próximo destino para pernoite, pois lá seria um balneário, com opção para almoço.
Assim, a pedalada do dia ficou ainda mais difícil. Quando chegamos a Santa Luzia, num posto de gasolina na entrada da cidade, aonde o Elídio já nos esperava, a Carmo disse que não aguentava mais. As inúmeras subidas, o sol forte e a dor que sentia nas suas “partes baixas”, deixaram-na prostrada.
O Sergio falou para o Elídio tocar até o ponto previsto para o almoço, que tentaria resolver a situação, talvez conseguindo uma condução para a Carmo.
O Elidio chegou 12h30. Como não havia grande movimento na estrada, e apenas dois caminhoneiros eram a opção, com dois caminhões vazios, o Sergio não quis arriscar. Perguntou como a Carmo estava, se ela aguentaria seguir devagar, sem preocupação de uma referência, que era o Elídio, e a ela afirmou que a para ali foi providencial, que, apesar das condições, resolveu enfrentar a estrada desse jeito mesmo.
Ainda no posto de gasolina, com a presença do Elídio, uma cena inusitada aconteceu: uma senhora, que provavelmente desceu de um dos caminhões já citados, apareceu na nossa frente, munida em uma das mãos com um rolo de papel higiênico. Sem falar nada, gesticulando como se estivesse perguntando ou querendo saber onde ficavam os sanitários, permaneceu na nossa frente um bom tempo, apontando para um lado e para outro, sem tomar qualquer iniciativa, nem pronunciar qualquer palavra. Depois que ela saiu da nossa vista, demos muitas risadas...
A Carmo, que já conhece todos os banheiros do mundo, esteve no banheiro desse posto. Lá não existia porta nos cubículos das patentes, ficando exposto à vista de quem entrasse no mesmo. Ela, e também nós, ainda devemos ver outros banheiros do tipo...
O Sergio, com paciência, ajudou e incentivou a Carmo até chegarem ao rio. Parecia que não chegava nunca, mas às 13h00 passaram pela ponte e pegaram uma ruazinha até o balneário. Lá o Elídio esperava sossegado, e já havia se informado sobre alimentação. Não existia muita opção, e embora fosse um sábado, somente um lugar fornecia refeição. Aos domingos, dizem que o lugar vira um “inferno”, com muita gente, som alto e bebedeiras.
Foi muito relaxante essa parada. O local é muito aprazível. Lá existe uma mata ciliar exuberante e o rio, de águas cristalinas, era muito convidativo a longos banhos. Algumas crianças brincavam desde que o Elídio chegou, e quando fomos embora, depois do almoço e do descanso, isso por volta das 04h00, ainda ficaram por lá.
Não demoramos a chegar a Capanema, e quase não foi surpresa a grande quantidade de carros, bandeiras e tudo mais que envolve essas campanhas políticas em época de eleições. Ali não foi diferente. Logo soubemos que haveria um comício, com a presença inclusive, da governadora do Pará, a Ana Júlia.
Na entrada da cidade, com aquela muvuca toda, e o desrespeito a todas as leis de trânsito, com carros, motos e bicicletas, passando pra lá e pra cá, sem qualquer cerimônia. Num trecho desses, o Sergio estava na frente e em fila indiana o Elídio e logo depois a Carmo, quando um ciclista (bicicleteiro, e de idade avançada), veio no sentido contrário em nossa direção. Passou incólume pelo Sergio, mas deu de frente com o Elídio, que ainda tentou desviar, mas abalroou o “meliante”, quase indo ao chão, balançando fortemente logo após o enrosco. O alforje traseiro direito da bike do Elídio foi parar longe, e um transeunte ajudou a recolhê-lo. O “meliante”, embora tudo tenha acontecido tão rápido, teve tempo de dizer “eu não fiz nada, foi ele (Elídio) aí que me bateu...”
Em outro cruzamento mais adiante, o Elídio já com seu apito na boca, diante da situação anterior, teve que usá-lo, quando um veículo avançou o sinal fechado, transpondo a rua sem menor cerimônia. O veículo parou imediatamente, porém no meio da rua, sem saber o que fazer. Dentro dois “valentões”, e um deles, o que estava no banco de passageiros, abriu o vidro e falou: “O cara ali é guarda?”. O Sergio voltou-se e disse que não, ou melhor, mais ou menos, que era apenas um cidadão...
Chegamos à rua principal, onde encontramos um bom local para dormir, o Gemini Amarante Hotel, que até wireless tinha, num preço compatível com a viagem até aqui. Porém, nas imediações descobrimos que seria realizado o tal comício. Dá para entender, não é? Mais barulho de noite.
Total do dia: 99 km rodados.
Fomos jantar, e a curiosidade ficou por conta do pedido do Elídio: tira gosto de puta, acompanhado de suco de tapereba. Calma, calma, minha gente, nós explicamos. Traduzindo: tábua de frios com suco de cajá. Entenderam? Ufa! Nenhum problema.



2 comentários:

  1. Ola Sergio, Carmo e Elidio
    Já voltamos a nossa rotina, mas continuamos com o pensamento voltado pra vocês.
    E parabéns para o Elidio, que esta conseguindo acompanhar o ritmo da Carmo sem sumir na frente.
    Abraços e até a volta
    Fabiane

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  2. Ola a todos,
    tenho um video para enviar para voces, poderiam me enviar um e-mail de contato.
    Meu e-mail e mariolobao@yahoo.com.br
    Abracos.

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